terça-feira, 1 de abril de 2008

Televisão Digital chega a Portugal em 2012


A Televisão Digital Terrestre (TDT) está a chegar a Portugal e, com ela, o futuro da televisão está em marcha e promete mudar. A TDT vai substituir a curto prazo a tradicional Televisão Analógica, sendo o ano de 2012 o prazo previsto pela União Europeia para a implementação efectiva do sinal digital em espaço europeu. Embora ainda atrasado em relação aos demais parceiros europeus, o processo de implementação da TDT em Portugal é um caminho inevitável.
Fomos procurar um maior entendimento do tema e das suas implicações, junto do investigador Sérgio Denicoli, doutorando em Ciências da Comunicação da Universidade do Minho.

A Televisão Digital baseia-se na difusão em sinal digital. Este novo sinal vai substituir o analógico até 2012, trazendo consigo a grande vantagem de disponibilizar mais canais de televisão. Face portanto aos actuais sistemas analógicos, a TDT proporciona uma utilização bastante mais eficiente.

A TDT é entendida como vantajosa relativamente ao modelo analógico, já que dispõe de uma melhor qualidade de imagem e som. As pessoas que pretendam ter acesso aos canais de televisão, terão de comprar o respectivo descodificador ou então, como alternativa, possivelmente mais cara, terão de adquirir novos televisores, tecnologicamente mais evoluídos e preparados para emitir em sinal digital.

Certo é que a partir de 2012, quem quiser ver televisão terá que o fazer de forma digital, porque o sistema actual, analógico, vai ser desligado. Sérgio Denicoli sustenta que “o facto de se passar da televisão analógica para a digital é uma evolução, porque permite que usemos da melhor forma o espectro que temos. Este é um processo evolutivo. Este novo modelo vai permitir que todos os canais sejam de alta definição, pelo que a TDT é encarada como uma televisão interactiva.”

A televisão apresenta-se analógica na medida em que o sinal é radioeléctrico, enquanto que a partir do momento em que esse sinal passa a ser digitalizado, os dados começam a ser transmitidos em bits, que é a linguagem dos computadores. Ou seja, uma vez que o sinal digital é composto por bits, ele pode ser comprimido, tendo mais espaço no espectro.

A grande solução passa então por aquilo que nós podemos fazer com esse espaço, como a existência de mais canais e, canais de maior definição. O que se espera obter é o máximo benefício do utilizador.

No modelo digital, as pessoas passam a ter acesso a um arquivo de conteúdos, a que poderão recorrer para recuperar um programa que não viram ou que querem rever.

Em Portugal, mais de metade da população portuguesa paga pelos serviços da televisão por cabo, por satélite ou IPTV. Por outro lado, a restante população que não paga, terá que comprar o descodificador. Mas perante o panorama económico e social português, grande parte desta população não terá sequer dinheiro para comprar uma nova televisão.

E isto pode ser problemático para muitas famílias, na medida em que o governo já esclareceu não tencionar subsidiar a compra do aparelho descodificador, apresentando como contrapartida uma estratégia interessante para que as pessoas possam ter a televisão digital.

Optou por lançar um concurso de criação de mais um canal de televisão em sinal aberto, de formato digital. Perante isto, o governo lançou dois concursos para a TDT, um referente aos canais livres (televisão aberta) e outro referente aos canais pagos. Este concurso deverá ser lançado em Outubro deste ano. Sérgio Denicoli prevê “um canal que ofereça uma programação diferenciada, algo que ainda não haja na televisão e, que possa servir de incentivo para que as demais pessoas comprem o descodificador.”

No entanto, está já garantido que os canais de televisão aberta que hoje temos (RTP, SIC e TVI), serão automaticamente digitais e continuarão gratuitos.

Oiça as declarações de Denicoli a este respeito.



Quando foi lançado o primeiro concurso, em 2001, era corrente a ideia de que a TDT seria a grande “galinha dos ovos de ouro.” O que acabou por se verificar foi a inexistência de um modelo de negócio definido.

Por seu lado, os países europeus que seguiram em frente e a lançaram naquela época, principalmente o Reino Unido (primeiro país na Europa), logo seguido da Espanha, tiveram um fracasso inicial significativo. Alegando questões tecnológicas e, perante o cenário presente na época, Portugal acabou por cancelar o concurso.

Isso por algum motivo acabou por atrasar o processo no país, só agora retomado em 2008. Não faz sentido que os demais parceiros europeus entrem na era digital e que Portugal não prossiga o mesmo caminho. Denicoli diz-nos “se Portugal quiser acompanhar os demais países e se até quiser produzir equipamentos é importante que esteja ao mesmo nível de desenvolvimento tecnológico dos outros.”

É importante perceber que a TDT vem movimentar todo o mercado, interessando ainda entender até que ponto as pessoas vão aderir. Para concluir, Denicoli deixou-nos o mote, afirmando “se a TDT não fosse vantajosa, não seria implementada, principalmente em termos económicos. Não vejo desvantagens em relação à televisão analógica. Eu acho que ela é realmente melhor.”